MINIPATRULHAS INCREMENTAM PRODUÇÃO AGRÍCOLA NA SERRA

Equipamentos em cessão de uso à associações e cooperativas de pequenos produtores dão mais mobilidade no preparo do solo.

                     

A dor causada pela tragédia que atingiu a região serrana, em 2011, deu lugar à esperança. Em Vieira, localidade de Teresópolis, onde as águas do rio deixaram um rastro de destruição, acabando com 80% de seu núcleo urbano, o que se vê hoje é o verde das plantações dos agricultores familiares. Dois anos depois, incentivado pelo Programa Rio Rural - resultado de uma parceria entre a Secretaria de Estado de Agricultura e Pecuária com o Banco Mundial - a vida dos produtores retomou, aos poucos, à rotina normal.

Mais de 4.800 produtores dos municípios de Teresópolis, Nova Friburgo, Petrópolis, Sumidouro, São José do Vale do Rio Preto e Bom Jardim foram beneficiados pelo Rio Rural. Ao todo, 32 associações e cooperativas receberam 44 minipatrulhas mecanizadas, compostas por vários equipamentos: 44 tratores, 44 microtratores e 358 implementos agrícolas, como carretas, distribuidores de calcário e perfuradores de solo.

Marcos Belo, assistente-técnico regional da Emater-Rio, destaca a importância desse apoio aos agricultores. "O produtor estava sem renda, sem produção. Era o momento crucial de o Governo apoiá-lo de alguma forma. Escolhemos dar este apoio às associações, cooperativas e sindicatos para que, juntos, ganhem força e possam atrair mais produtores", explicou.

Uma dessas cooperativas criadas após à tragédia na Serra foi a CoopVieira, que conta hoje com 96 sócios, sendo 53 produtores ligados à agricultura familiar e que usufruem diretamente do que é produzido. Três fases do plantio, que antes eram terceirizadas, hoje são realizadas na CoopVieira: a produção e o cultivo de mudas em 12 estufas comunitárias, e a preparação do solo, que é feita pelos tratores e microtratores.

Beterraba, alface, rúcula, abobrinha e couve-flor são algumas das variedades de legumes e verduras que podem ser encontrados no local. Semanalmente são produzidas cerca de 120 mil mudas.
"O Rio Rural foi o que oportunizou isso tudo. Há 20 anos havia a necessidade de ter uma entidade que representasse o agricultor. Mas nunca tivemos organização para que isso fosse criado. Diante da dificuldade, as pessoas viram a importância de se organizar. Hoje não consigo mais separar a história da CoopVieira da história do Rio Rural na comunidade", ressalta o presidente da cooperativa, Fabio Patron.

O agricultor João Gallo foi um dos produtores de Vieira que viu as enxurradas de 2011 acabarem com toda a sua produção. Ele também foi um dos agricultores que participou do curso oferecido pela Emater-Rio de capacitação para o uso dos tratores. As aulas permitiram a economia na contratação de operadores dos veículos. "Recuperamos o que perdemos. Estava muito difícil retomar as atividades. Alguns agricultores ficaram desanimados e foram em busca de empregos em outras cidades. Nunca desisti. Nos momentos mais difíceis, com o pouco que sobrou, eu e meus irmãos continuamos trabalhando. Hoje produzimos, por mês, 1.200 caixas de alface. As minipatrulhas nos dão mais mobilidade no preparo do solo", disse.


Vice-presidente da Associação de Produtores e Moradores de Água Quente, Gilson Correia, também ressaltou que as minipatrulhas chegaram para melhorar o trabalho dos agricultores. Verduras, hortaliças e legumes são os produtos cultivados pelos quase 60 associados. "O microtrator consegue chegar a áreas que antes não tínhamos condições de alcançar com caminhão ou mesmo com trator. Depois desse incentivo, nossa produção cresceu. E muito", contou.


O kit das minipatrulhas fica em sistema de cessão de uso e sob gestão das próprias cooperativas e associações. Respeitar a legislação ambiental, garantindo que todos os trabalhos de mecanização sejam feitos de acordo com os princípios de conservação do solo e do ambiente é uma das responsabilidades das instituições.