quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Funcionários dos Correios de 18 Estados entram em greve

Categoria pede reajuste de 43,7% -soma das perdas salariais desde o Plano Real e da inflação


                   
Os trabalhadores dos Correios de 18 Estados, quatro regiões e do Distrito Federal decidiram acompanhar os colegas de Minas Gerais e do Pará e iniciam nesta quarta-feira, 19, greve. Votaram pela greve os trabalhadores de 18 Estados -Alagoas, Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Paraná, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Roraima, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins-, do Distrito Federal, e de quatro regiões do Estado de São Paulo (Bauru, Campinas, São José do Rio Preto e Vale do Paraíba). Nos próximos dias, novas assembleias acontecerão nos Estados da Bahia, Acre, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Maranhão e em cinco regionais (Juiz de Fora, Ribeirão Preto, Santa Maria, Santos e Uberaba). Cerca de 17 mil já pararam suas atividades em Minas Gerais e no Pará desde a segunda passada, segundo o sindicato da categoria, o Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares). A categoria pede reajuste de 43,7% -soma das perdas salariais desde o Plano Real e da inflação do período mais aumento real- e aumento linear de R$ 200, ticket alimentação de R$ 35 por dia, a contratação imediata de 30 mil trabalhadores e o fim das terceirizações, além de garantias de melhores condições de trabalho. As negociações começaram há mais de um mês, e, inicialmente, os Correios ofereceram 3% de reajuste. A proposta foi rejeitada por unanimidade nas assembleias realizadas pela categoria em todo o país, e, na semana passada, a empresa voltou a fazer nova proposta, desta vez de 5,2% de ajuste -equivalente à inflação dos últimos 12 meses. Os Correios afirmam que o reajuste de 5,2% elevaria o salário-base inicial para R$ 991,77. "Se somado o adicional de atividade que os carteiros recebem, o vencimento subiria para R$ 1.289,30. Este cargo é de nível médio", informaram, em nota.

A segunda proposta também foi rejeitada nas assembleias já realizadas. Os Correios ajuizaram na última quinta dissídio coletivo de greve no TST (Tribunal Superior do Trabalho) para encerrar a greve em Minas e no Pará, o mesmo recurso utilizado para suspender a greve de 28 dias do ano passado. Em 2011, o TST decidiu pelo reajuste de cerca de 6% mais R$ 80 linear.

Nesse ano, no entanto, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) negou o pedido da estatal, na última sexta. Na ação deste ano, a empresa disse que se esgotaram as possibilidades das partes chegarem a um consenso e pediu que fosse declarada a ilegalidade das greves em Minas Gerais e no Pará por não ter sido informada da paralisação com 72 horas de antecedência, conforme exige a Lei de Greve.
Para a companhia, o movimento grevista é abusivo porque os Correios prestam serviços essenciais à sociedade, e sua eventual interrupção, ainda que parcial, causa sérios problemas à população.

Os Correios pediram a suspensão da paralisação até o julgamento final do dissídio ou que o sindicato seja obrigado a manter pelo menos 80% do contingente em cada uma das unidades operacionais da empresa.

A vice-presidente do TST, Cristina Peduzzi, disse em sua decisão faltar informações para julgar o pedido. "Considero prematuro apreciar o pedido liminar, uma vez que não foi demonstrado pelo suscitante o estado geral da greve." Para Peduzzi, não existem nos autos informações sobre a situação da greve -como taxa de adesão e prejuízos graves e concretos às atividades da empresa. "A simples notícia genérica de deflagração parcial e limitada de greve não autoriza, ao menos no momento, a apreciação da liminar."

Mas a ministra alertou na decisão que o pedido pode voltar a ser apreciado a qualquer momento, facultou às partes a apresentação de documentos que esclareçam a situação atual da paralisação e manteve a audiência de conciliação e instrução de hoje.

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