quinta-feira, 29 de maio de 2014

COMISSÃO DEFENDE REDUÇÃO DO NÚMERO DE PARTOS CESÁREA





No Dia Nacional da Redução da Mortalidade Materna, 28 de maio, a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), presidida pela deputada Inês Pandeló (PT), defendeu a conscientização contra o abuso no emprego do parto cesárea como uma medida fundamental para a redução dos números de casos. O colegiado realizou uma audiência pública para apresentar o relatório anual sobre os casos de morte materna no Estado do Rio e discutir estratégias para a redução do problema.
A investigação, feita pelo Comitê Estadual de Prevenção e Controle da Mortalidade Materna, descobriu que 182 mulheres morreram em 2012 de causas relacionadas à gravidez. Os motivos mais comuns são hipertensão, hemorragia, infecção e aborto. A deputada conta que a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que 96% dessas mortes poderiam ter sido evitadas. “Temos a criação dos comitês municipais de investigação da mortalidade materna, para que eles apresentem os dados que possibilitarão a elaboração de políticas públicas para combater isso”, explicou Inês Pandeló. Desde 2003, a notificação das mortes maternas é compulsória em todo o país. No entanto, os números ainda são menores do que os reais.
Representante da organização Parto do Princípio, Roberta Calabria diz que todos os protocolos de saúde indicam que a mulher deveria passar por parto vaginal na maiora dos casos, porém, as cesarianas são 54% dos partos feitos nos hospitais brasileiros. “Segundo pesquisa da Fiocruz, a maioria das mulheres começa a gestação querendo um parto normal. Tem algo errado aí. A cesárea devia ser uma cirurgia que, quando necessário, salva vidas”, afirmou Calabria. Para ela, tirar o poder de decisão das mulheres é uma falta de visão dos médicos: “Esses profissionais têm que ser educados para trabalhar de acordo com as evidências”.
O Ministério da Saúde criou a Rede Cegonha, uma estratégia nacional cuja finalidade é estruturar e organizar a atenção à saúde materno-infantil. “O programa obriga a revisão de tudo. Fala de pré-natal, do parto, de toda a gestação, e busca implementar um acompanhamento correto, com orientação e tratamento de qualidade”, informou  o Coordenador do Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher, Criança e Adolescente da Secretaria de Estado de Saúde, Egberto Nogueira. Segundo ele, trata-se de um trabalho gradual e penoso, que hoje é majoritariamente voltado para a recuperação da ética do trabalho. Nogueira explicou que uma ponte com as instituições de ensino de Medicina, Enfermagem e demais carreiras da área de Saúde é um objetivo: “Temos que sair da formação acadêmica já humanizados. É por isso que prefiro falar em responsabilização no lugar de humanização dos procedimentos de saúde”. A Rede Cegonha é um trabalho em conjunto com os municípios, e, segundo ele, no Rio, alguns já apresentam avanços.
Secretária de Política para as Mulheres do município do Rio, Ana Rocha reforçou a importância da conscientização para a autonomia e a autoestima das mulheres, que precisam ser fortalecidas. “Cabem campanhas de esclarecimento sobre a cesariana e a necessidade do pré-natal. Por mais que a gestante esteja se sentindo bem, imprevistos podem ocorrer”, explicou. Rocha considerou a mortalidade materna um desafio mundial, já que o problema está longe de se restringir ao Brasil, e afirmou que essas mortes não condizem com o progresso da mulher em nossa sociedade.

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