quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Calendário de vacinação no SUS terá mudanças neste ano; veja alterações


O Calendário Nacional de Vacinação, adotado na rede pública de saúde, terá mudanças neste ano. As alterações abrangem seis vacinas já ofertadas no SUS, mas que passam a ter novas recomendações de intervalo entre a aplicação das doses, além da ampliação da faixa etária.
As mudanças constam de informativo da Programa Nacional de Imunizações, do Ministério da Saúde, enviado para secretarias de saúde de Estados e municípios, e serão divulgadas nesta terça-feira (5).
Para as crianças até cinco anos incompletos, as mudanças ocorrem no tipo de produto e intervalos de aplicação das doses de quatro vacinas: a de poliomielite, a vacina pneumocócica 10 valente, a vacina contra hepatite A e a meningocócica C.
A partir deste mês, a terceira dose da vacina contra a pólio passa a utilizar a vacina inativada, feita com vírus mortos, em vez da vacina oral, que é feita com vírus atenuados.
Já a vacina pneumocócica 10 valente, que protege contra pneumonia e outras doenças, passará a ser aplicada em duas doses e um reforço: uma aos dois meses do bebê e outra aos quatro meses, seguida de um reforço a partir dos 12 meses. Antes, o esquema previa três doses, sendo três delas no primeiro ano do bebê e um reforço no segundo ano.
A mudança segue recomendação da Organização Mundial de Saúde. A presidente da SBim (Sociedade Brasileira de Imunizações), Isabela Ballalai, diz que a alteração não deve trazer prejuízos, uma vez que a forte adesão à vacinação no país colabora para uma proteção conjunta da população.
Crianças de 12 meses a quatro anos que não tiverem sido vacinadas com o produto também devem receber uma dose única, o que não era possível até então. "Se uma criança com mais de dois anos não tiver oportunidade de ter sido vacinada, ela terá essa dose única", diz Carla Domingues, do Programa Nacional de Imunizações.
NOVOS INTERVALOS
Outra alteração ocorre para a vacina de hepatite A, que passa a ser indicada quando a criança completa 15 meses, podendo ser administrada até os 23 meses. Até então, a vacina, de dose única, era aplicada a partir dos 12 meses.
Segundo o documento, a mudança ocorre pela necessidade de reduzir o número de vacinas injetáveis administradas em uma mesma visita ao posto de saúde e o desconforto para as crianças.
Já a vacina meningocócica C terá a aplicação da primeira dose de reforço antecipada dos 15 meses para os 12 meses, podendo ocorrer até os quatro anos. A medida é uma forma de assegurar uma maior proteção contra a bactéria que causa a meningite já no início do segundo ano do bebê. As duas primeiras doses da mesma vacina permanecem indicadas aos três e cinco meses.
Assim como para outros casos, crianças de 12 meses a quatro anos que não tenham sido vacinadas também poderão passar receber a proteção, por meio de uma dose única.
"O mais importante é essa expansão até os quatro anos. Na prática, temos muitas crianças que não estão indo tomar a dose. A ideia é resgatar essas crianças que não tenham sido vacinadas", afirma Ballalai.
HPV
O novo calendário também muda o esquema de vacinação contra o HPV, que antes previa três doses. Com a mudança, a vacina passa a ser aplicada em duas doses para meninas de 9 a 13 anos. A segunda dose ocorre seis meses após a primeira.
A alteração ocorre após a baixa adesão de adolescentes à segunda dose da vacina, o que fez com que o governo e associações de saúde tivessem que intensificar a campanha para atingir a meta de vacinar até 80% do público-alvo.
Para Isabela Ballalai, a redução de uma dose deve abrir o debate sobre a possibilidade de ofertar a vacina também para um grupo maior de pessoas que ainda não recebem a imunização, como meninos ou outras faixas etárias, o que aumentaria a proteção.
HEPATITE B
O Ministério da Saúde também irá ampliar a oferta da vacina de hepatite B para toda a população, incluindo pessoas acima de 50 anos e idosos –antes, esse grupo não recebia a imunização. A mudança chegou a ser informada às secretarias de saúde, mas o Ministério da Saúde recuou do anúncio nesta terça-feira. Em seguida, voltou atrás e confirmou a ampliação.
Segundo a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, a mudança, no entanto, ainda não tem prazo. A expectativa é que a vacina seja ofertada para o novo grupo ainda no primeiro semestre deste ano.
A ampliação ocorre devido ao aumento na expectativa de vida da população brasileira e das relações sexuais entre idosos, somada à resistência de parte desse grupo ao uso de preservativos, que poderiam evitar a doença. "É uma mudança que já ocorreu com outras vacinas. Começamos a vacinar sempre com os grupos com maior possibilidade de adoecer. À medida em que a situação epidemiológica vai mudando, e há disponibilidade [do produto], fazemos a ampliação", diz Carla Domingues.


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